O instagram e as influências ocultas sobre você
O lado ruim
Do outro lado da história, nós temos, também, que analisarmos as influências negativas que os instagrans fitness podem trazer aos seus usuários e seguidores. Muitas mulheres, principalmente adolescentes, procuram buscar o corpo perfeito ou ideal dentro dos padrões de beleza que a sociedade misógina nos impõe desde cedo, entretanto, é preciso lembrar que, nem sempre, o ideal para um pode ser o ideal para o outro. Da mesma maneira que o IG fitness incentiva as pessoas a conseguirem buscar seus objetivos, aqueles que, por vezes, não conseguem, podem-se sentir frustrados e sufocados pelo desejo e a irrealização do mesmo, procuram, então, outras formas de realizar o que tal modelo famosa postou no dia anterior, por exemplo.
Infelizmente, muitas dessas buscas acabam tornando-se doenças, tais como anorexia, bulimia e depressão. As duas primeiras são distúrbios alimentares onde, ao não aceitarem o corpo que têm, por se acharem e se enxergarem gordas e fora dos padrões, meninas(em sua maioria) deixam de comer e/ou passam a exercitarem-se durante muito tempo por dia, além de utilizarem laxantes e se recusarem a comer na frente de outras pessoas (anorexia). Vomitar logo após ingerir uma grande quantidade de alimento, provinda da compulsão alimentar, é também outro sintoma (Bulimia), na maioria dos casos eles estão inter-relacionados e desencadeiam ou viram consequências da depressão, distúrbio afetivo que provoca extrema sensação de tristeza e baixa autoestima, entre outros fatores.
Lana Pessoa diz ter muito cuidado ao escrever um texto para postar junto à foto "Muitas vezes tenho medo de publicar algo que para muitas pessoas possa atingir de uma forma positiva, como por exemplo: “vamos queimar essa banha que tá pulando”, mas, também sei que atinge negativamente algumas outras pessoas e isso me preocupa, porque quem está com a autoestima baixa pode se sentir ofendido e se afundar ainda mais nesse quadro. Então, tento dosar muito e revisar o texto antes de publicá-lo."
Algumas meninas, que já sofreram com essas doenças citadas anteriormente, deram depoimentos sobre a experiência. *Os nomes foram alterados para preservar a identidade das mesmas.*
Luana Bastos: Tinha 15 anos quando comecei a me enxergar mais gorda, eu me olhava no espelho e sentia nojo de mim mesma, na época, eu seguia, pelo menos, uns sete perfis fitness no instagram, achava que seguindo-os eu me motivaria, mas, aconteceu justamente o contrário, comecei a ver todas aquelas fotos de meninas magras e esbeltas e eu não me encaixava no meio delas, passei a vomitar tudo o que comia, e, com o tempo, fui usando laxantes, achava que eu estava saudável e emagrecendo como elas, mas, a minha realidade era muito diferente (...) Só consegui me superar e encarar a doença quando uma amiga veio em casa e me disse "você precisa ir ao médico e precisa contar para os seus pais", foi então que procurei ajuda e, hoje, apesar de ainda ter recaídas, me sinto muito mais leve e livre das doenças.
Camila Dantes: Na época, meus pais não eram tão presentes na minha vida, eu passava a maior parte do tempo com minha empregada, eu via as meninas sempre bonitas, comendo saudavelmente e queria ser como elas, eu pensava que, se eu emagrecesse e ficasse como as fotos que eu tinha de ideal, as pessoas iriam gostar mais de mim e aí eu comecei a parar de comer e quando me obrigavam a comer eu ia ao banheiro e vomitava... A verdade é que, se sua mente está em equilíbrio com seu corpo, então, você consegue discernir o que é bom e o que é ruim, o que é verdade e o que é mentira. Mas, até conseguir isso, o caminho é doloroso.
O terceiro e último depoimento foi feito em vídeo pela aluna de jornalismo Laís Glaeser, assista ao lado.